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A importância da autocrítica

Desde pequenos, em casa ou na escola, aprendemos que precisamos ser críticos. Com as ideias, com as nossas leituras, com opiniões. A crítica nos é útil para avaliarmos os diferentes aspectos de uma situação, ela nos auxilia na percepção dos eventos e nos impulsiona a decisão. 

Contudo, uma das grandes dificuldades das relações interpessoais ou com a relação que construímos com nós mesmos está em aprendermos a lidar com uma crítica, seja ela construtiva ou não. Essa dificuldade envolve não somente a crítica que vem do outro, mas também a crítica que fazemos sobre nós mesmos. 

E disso que vamos conversar hoje, sobre a nossa autocrítica!

Não tem como negar que a autocrítica é parte de nossa constituição como seres pensantes. 

A autocrítica é uma estratégia individual de motivação que utilizamos para buscar aperfeiçoamento, para querer ser melhor e querer evoluir. Ela nos oportuniza a reflexão e a busca pelo autoconhecimento. Ela nos faz querer mudar e querer aprender algo novo. Está muito relacionada, inclusive, a nossa autoestima e ao nosso autocuidado. 

A utilizamos para identificar nossas qualidades, e nossos defeitos, com ela também reconhecemos nossos próprios acertos e erros, inclusive nos diferentes contextos sociais nos quais estamos inseridos. 

A autocrítica também possui uma função essencial relacionada a avaliação de pensamentos, crenças, hábitos e padrões comportamentais que podem nos causar sofrimento ou nos trazer felicidade. Por isso, a maneira como conduzimos nossa autocrítica está intimamente relacionada em como estamos nos sentindo e quais emoções estão mais evidentes na situação em que nos encontramos.

As nossas experiências pessoais e sociais conduzem grande parte da construção de nossas autocriticas. Por meio do que experenciamos costumamos atribuir características e elaborar as avaliações para forma uma crítica. E aí pode estar a armadilha. 

Temos que tomar cuidado em como validar cada experiência para que ela não seja considerada uma verdade única e imutável para não conduzirmos uma crítica de maneira equivocada, seja para situações positivas ou negativas. 

Esse cuidado, mais uma vez, nos remete a maneira como lidamos com as nossas emoções e nossos sentimentos, a famosa regulação emocional (vamos falar sobre isso com mais detalhes nos próximos artigos).  

Quando a autocrítica é autodestrutiva dá-se ênfase as comparações injustas, não se consegue desfrutar das atividades (mesmo as de rotina) e o medo de arrependimento ou de intimidade e a insegurança são bastante constantes. 

A autocrítica, quando negativa, pode nos gerar culpa e baixa autoestima. A autocrítica com foco no pessimismo e em experiências negativas, inclusive, é uma característica central da depressão e é combustível para a ansiedade, 

Então, antes de ‘fazermos uso’ de nossa autocrítica, temos que racionalizar a maneira como vemos a nós próprios e como isso impacta nas nossas relações interpessoais. 

Vamos a um exemplo!? 

Se nos rotulamos como uma pessoa chata, de má aparência e inferior aos outros, podemos acabar por criticar de maneira incoerente tudo o que fazemos, seja para escolher uma roupa para sair, seja para ter confiança em apresentar uma ideia no trabalho, seja para nos expressarmos diante de uma situação, e assim por diante. 

Como racionalizar? 

Que tal algumas perguntas para autorreflexão? 

– Qual a definição para: sou feio(a) ou bonito(a), sou chato(a), sou inferior aos outros?  A maneira como me percebo é, de fato, coerente? 

Além disso podemos racionalizar nossas autocriticas de algumas outras maneiras: 

– ao identificar e perceber nossos pensamentos e padrões comportamentais, em especial os negativos ou autodestrutivos, vinculados as nossas autocriticas; 

– examinar com cuidado cada um desses pensamentos e comportamentos negativos e autodestrutivos e avaliar suas evidências, se são coerentes;  

– avaliar se existem vantagens benéficas e, mais uma vez, coerentes, de cada uma de nossas autocríticas.

– quando estamos a organizar e definir nossos objetivos pessoais, profissionais e que envolvem nossas relações interpessoais, devemos nos atentar a elaborá-los de uma maneira que consigamos atingi-los, assim não nos sabotamos e retroalimentamos autocríticas realistas. É importante que percebamos quais são as condições reais para conseguirmos atingir um objetivo. Além disso, é essencial evidenciar se essas condições são coerentes as ações necessárias para alcançarmos os objetivos traçados antes de fazer uso de nossa autocrítica. 

Examinarmos e racionalizarmos as nossas autocríticas é essencial porque, caso contrário, a depender de como elas estão direcionadas, o menor erro ou a mais leve imperfeição se torna um alvo para sentimentos de inferioridade, de insucesso, fracasso de frustração. Esse fluxo gera a tristeza, a ansiedade e pode desencadear diversos sintomas da depressão.

Temos que ter em consideração que a autocrítica envolve autoconhecimento e está intimamente relacionada com nossos hábitos, nossos padrões comportamentais, nossas crenças e regulação emocional. Nem sempre é fácil a percepção de como as nossas autocríticas afetam nossa vida e nossa saúde mental. 

A psicologia tem muito a nos auxiliar nesse processo de autorreflexão e autoavaliação. Por isso, ao percebermos que não estamos a estabelecer avaliações saudáveis e, de alguma forma, isso tem nos afetado diariamente, seja na escola, no trabalho, nas nossas relações com os amigos e família, ou ainda, com a nossa própria autoestima, devemos identificar nossa rede de apoio e pedir auxílio a um psicólogo. 

A questão não é a de que não podemos estabelecer autocríticas negativas das situações que nos cercam, mas sim, é a de percebermos que as autocríticas não podem ser autodestrutivas e nos causar sofrimento. 

Quando elaboramos uma autocrítica mais negativa, por exemplo, ela deve ser encarada como um meio para nos impulsionar ao nosso crescimento (pessoal, profissional, social), para gerar mudanças quando necessárias e para fortalecer a nossa capacidade de ter uma vida mental saudável e feliz. 

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