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Você se sente mal ao ter que dizer “não” a alguém?

É mais comum do que pensamos, mas o desconforto de ter que dizer “não” e acabar dizendo um “sim” contrariado, é uma situação enfrentada por muitas pessoas.

Ao agir dessa maneira, por vezes, as pessoas acabam por passar por cima dos próprios interesses, se disponibilizam a fazer algo que, na verdade, não gostariam ou até mesmo, que não poderiam fazer, se sobrecarregam. Muitas vezes, esse dizer “sim” quando era para ser um “não” acaba por ser uma estratégia utilizada nas relações interpessoais pois, ao ceder aos pedidos alheios, pode-se evitar chatear, desagradar ou magoar os sentimentos do outro.

Mas será que vale a pena escolher o bem-estar do outro e deixar o nosso próprio bem-estar de lado?

Ao priorizar os sentimentos de outras pessoas, em especial quando desconsideramos as nossas motivações, vontades e necessidades, podemos experimentar várias emoções e sentimentos indesejáveis, como raiva, stress, medo, frustração, tristeza, culpa, dentre tantas outros.

E o que será que está por trás de tudo isso?

O que pode nos levar a dizer “sim” quando na verdade, o que gostaríamos mesmo é de dizer “não”?

Há todo um enredo, nossa experiência e “história” pessoal que nos faz agir assim.

Vamos entender melhor?

 Para começar, precisamos conversar um pouco sobre um sentimento muito importante, mas que é bem diferente daqueles sentimentos elementares ou básicos, aqueles que todos nós, normalmente, conseguimos sentir desde que nascemos independentemente do contexto ambiental, como por exemplo: a alegria, a tristeza, a raiva, o medo, o nojo.

Esse sentimento não nasce conosco, precisamos aprendê-lo e estimulá-lo.

Estamos a falar da AUTOESTIMA.

Mas, e o que isso tem a ver com dizer “sim” ou “não” para os outros?

Não estranhe, mas tem muito a ver!

A autoestima é um sentimento que é aprendido ao longo da nossa vida, não nascemos nos sentindo amados, aceitos, admirados pelo que somos. A autoestima é aprendida, reforçada e mantida exclusivamente pelo contexto social, à medida que recebemos atenção, carinho e afeto dos pais, dos familiares, amigos e de quem convive à nossa volta. É a sinalização de que somos importantes por quem somos, e não, necessariamente, pelo que fazemos. 

Mas infelizmente, nem todos crescemos em ambientes que proporcionam as condições ideais para estimular e manter a autoestima fortalecida.

A autoestima é afetada negativamente dependendo do quanto fomos expostos a situações sociais aversivas, como quando somos alvos de críticas e de outras situações embaraçosas, constrangedoras e que nos fazem sentir vergonha, medo ou insegurança.

As situações que não propiciam e enfraquecem o sentimento de autoestima são aquelas nas quais as consequências estão ligadas à opinião e ao julgamento dos outros, em especial, de quem mantém algum tipo de relação interpessoal conosco.

Frequentemente, como produto ou consequência dessas situações indesejadas estão o medo de decepcionar, de magoar, de entrar em conflito, de ser rejeitado, de ser criticado, de se sentir culpado. E tudo isso pode ser bastante difícil de lidar.

Então, é natural que não queiramos passar por essas situações, assim, o caminho mais lógico é fugir desses embaraços e situações para evitar sentir todos esses sentimentos desconfortáveis.

Convenhamos que, é fato que nos sentimos muito melhor e acolhidos quando, ao fazermos algo, recebemos em troca sorrisos, elogios, sinais de admiração, respeito e aceitação. Não é mesmo?

Então se pararmos para refletir um pouco, é muito mais fácil obtermos essas consequências ou respostas sociais, ou seja, as que nos proporcionam sentimentos bons, quando atendemos às solicitações e expectativas de quem me cerca, mesmo que, por vezes, atender essas solicitações implica em renunciarmos ao que realmente queremos. 

É dessa forma que atrelamos o “dizer sim” às consequências ou respostas sociais gratificantes.

Mas vamos ter atenção…

A dificuldade de negar algo a alguém pode estar diretamente relacionada a uma baixa autoestima, ou uma autoestima frágil, pois as pessoas com este padrão de fragilidade tendem a levar fortemente em consideração a aprovação, aceitação e os sentimentos das outras pessoas em detrimento de suas próprias vontades ou necessidades.

É como se pensássemos que as pessoas só fossem nos aceitar, acolher e gostar de nós, se atendermos a tudo que nos pedem, independentemente se isso vai ser complicado e custoso para nós mesmos. Então, decidimos nos comportar de modo a evitar decepcionar o outro, e para isso, acabamos por dizer “sim”, mas, não porque de fato, gostaria de fazer ou ajudar o outro, mas sim para evitar magoá-lo, mesmo que isso nos cause desconforto ou nos prejudique de alguma forma.

Essa postura ou essa fragilidade interfere negativamente no bem-estar, pois, por vezes, a pessoa deixa de lado o autocuidado e a autocompaixão para suprir a necessidade alheia.

Mas isso quer dizer que temos que pensar somente em nós mesmos?

Isso não é ser egoísta?

Sim e não.

Na verdade, é necessário estabelecer um equilíbrio entre os nossos interesses e os interesses de outras pessoas. Nem tudo é sacrifício, nem tudo é abuso, nem tudo que nos pedem é prejudicial. E nem sempre temos que estar dispostos ao outro.

Não precisamos assumir o “tudo ou nada”, precisamos avaliar com cuidado o que nos requisitam e decidir se conseguimos atender tal pedido, se queremos, se podemos, se isso pode nos prejudicar de alguma forma, se o nosso dispêndio de tempo merece o esforço, se nos trará satisfação a escolha de atender ao pedido…

É uma questão de encontrar um equilíbrio, e compreender que é essencial não se deixar ceder a excessos ou a abusos. 

É importante aprender a respeitar nossos sentimentos e limites, compreender que não temos obrigação de dizer sim a tudo em troca de aprovação.

O nosso “não” pode ser valioso para nosso próprio bem-estar, é uma demonstração que de, a certa medida, conhecemos nossos limites e nos respeitamos, e que isso nada tem a ver com o que vão pensar de nós.

É importante termos em consideração que se alguém demonstra gostar de nós apenas pelo que fazemos por ela, existe uma relação que precisa ser repensada… e isso pode ser tema de outra conversa.

E estamos aqui para lembrar que um dos principais objetivos da Possibilità Psicologia é auxiliar a todos nos diferentes processos de autoconhecimento, para desenvolver as estratégias e reflexões necessárias para a compreensão e desvendar as várias questões que influenciam no bem-viver, na construção diária de uma vida mais feliz e psicologicamente saudável.

O processo psicoterapêutico busca expandir o autoconhecimento, identificar padrões e crenças, fortalecer emoções e sentimentos, desenvolver habilidades e construir repertórios novos e desejáveis. Além disso, prioriza-se a melhora da comunicação, da autoestima e da autoconfiança, e assim poder escolher as melhores estratégias diante das inúmeras adversidades que enfrentamos no dia a dia.

E, no caso específico do que conversamos hoje, a psicoterapia pode auxiliar a desenvolver as estratégias mais assertivas de habilidade social e aprimorar o autoconhecimento para aumentar a autoestima e aprender a dizer um “não” sem culpa e de maneira saudável.

Cuide-se, compreenda-se, ame-se. Estamos aqui para criar e evidenciar as possibilidades para isso!

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