Quem já não se fez essa pergunta?
Diferentemente do que já ouvimos em muitas rodas de conversa, os psicólogos não estão destinados para os ‘loucos’, muito menos os psiquiatras, é importante deixarmos isso claro.
A realidade é que esses profissionais são especialistas na compreensão de diferentes aspectos da saúde mental e possuem habilidades e conhecimentos científicos para oferecer uma escuta qualificada e treinada para propor intervenções e estratégias para auxiliar na melhoria de nossa qualidade de vida, em especial, quando nos encontramos em momentos turbulentos e difíceis, ou ainda, nos momentos em que sentimos a necessidade de nos conhecermos melhor.
Mas afinal, como saber se precisamos procurar um psicólogo?
Aqui vão alguns sinais importantes que podem nos ajudar a pensar sobre isso:
– quando estamos dispostos a buscar o autoconhecimento;
– quando não nos sentimos habilitados, mesmo que momentaneamente, para solucionar questões da vida diária em tempo hábil;
– quando o volume de problemas se torna maior e/ou mais intenso e as situações parecem fugir de nosso ‘controle’;
– quando sentimentos como a irritabilidade, a tristeza, a raiva, o desânimo, a frustração, dentre outros, passam a ser frequentes dia após dia, e não restritos a momentos específicos e situações difíceis;
– quando percebemos que a ansiedade ou o medo impactam de maneira mais significativa na nossa rotina, seja no trabalho, no estudo, nas relações interpessoais e em nossas horas de lazer;
– quando percebemos que o estresse tem sido nosso companheiro quase inseparável durante nossa rotina diária;
– quando nos sentimos deprimidos;
– quando não conseguimos, de maneira geral, lidar com nossas emoções e nossos sentimentos;
– quando temos pensamentos repetitivos e de conteúdo negativo ou persecutório;
– quando percebemos que nossos comportamentos e atitudes causam frustração de maneira recorrente;
– quando estamos com dificuldade em sentir prazer nas coisas, mesmo em momentos de lazer;
– quando sentimentos de culpa ou a dificuldade de lidar com eventos do passado não nos deixam continuar a viver o presente e a pensar no futuro;
– quando estamos em meio a um processo de mudança de vida e encontramos dificuldades de nos adaptar a ele;
– quando perdemos alguém, seja por consequência do rompimento de uma relação ou morte e estamos com dificuldades de lidar com o luto e seguir em frente;
– quando a perda do emprego, repentina ou não, nos gera pensamentos ou atitudes paralisantes e não conseguimos nos adaptar a uma nova situação;
– quando estamos com dificuldades de realinhar e definir objetivos e metas de vida, ou de fazer escolhas;
– quando queremos melhorar o desempenho ou aprender a lidar com a ansiedade envolvida nas competições desportivas;
– quando estamos com dificuldades em estabelecer relacionamentos saudáveis, seja nas relações familiares, com os filhos, nas relações sociais ou no trabalho, independentemente dos motivos,
– quando percebemos que nossos filhos ou pessoas que nos são queridas estão com dificuldades e não conseguimos ajudá-los de maneira efetiva;
– quando, mesmo sem motivo aparente, percebemos que precisamos conversar com alguém;
– quando formos acometidos com perturbações/transtornos alimentares, de sono, obsessões e manias, fobias dentre outros, a considerar ainda doenças de média ou alta complexidade.
E lembre-se, a prevenção, promoção e proteção de nossa saúde mental são sempre boas opções para procurarmos um psicólogo.
Outro aspecto que deve ser mencionado é o de que, com o contexto da Pandemia Covid-19, para além das implicações na saúde física inerentes ao diagnóstico da doença, muitos de nós, mesmo que não tenhamos contraído o vírus, nos percebemos imersos em sentimentos ainda mais intensos de incerteza. Em muitos casos, percebemo-nos:
– tristes e ansiosos por conta da necessidade de isolamento ou mudança brusca de rotina,
– com medo persistente de perder um ente querido,
– em meio ao luto pela efetiva perda de alguém ou ainda,
– preocupados e ansiosos por causa dos impactos diretos e indiretos da crise econômica instaurada por causa da pandemia.
Esse contexto, segundo a Organização Mundial da Saúde, é potencializador de um aumento a médio e longo prazo do número e gravidade dos problemas de saúde mental, a exemplo de transtorno depressivo, transtorno de ansiedade, transtorno de uso de álcool e drogas, transtorno de luto prolongado, transtorno de estresse pós-traumático e automutilação e suicídio.
Precisamos estar atentos em como a pandemia tem afetado nossa vida, em especial, a nossa saúde mental e por isso, a necessidade de buscar um psicólogo pode se tornar ainda mais evidente.
De tudo que foi dito, temos que ter ciência de que procurar um psicólogo não é um ‘bicho de sete cabeças’ muito menos, é sinônimo de fraqueza. A iniciativa ou a percepção de que precisamos de ajuda requer coragem e isso é sinal de que somos mais fortes do que nós mesmos imaginamos. Afinal, entrar em um processo psicoterapêutico vai nos exigir comprometimento e disponibilidade para mudanças e a quebra de muitos preconceitos sobre nós mesmos e de todo o processo em si.
Mas, para que tudo isso funcione, é preciso ter cuidado e até mesmo, um pouco de curiosidade para a escolha de um psicólogo. Um mesmo psicólogo pode ser ideal para alguns, mas, nem tanto, para outros. Existem, inclusive, várias vertentes e abordagens teóricas e práticas no vasto campo da psicologia a que se pode ter conhecimento – duas delas podem ser acompanhadas na opção “Sobre” aqui no nosso site.
A propósito, duas pessoas podem enfrentar situações ou dificuldades semelhantes, mas isso não implica que irão ter a mesma capacidade de resiliência ou tolerância para lidar com elas… e tudo bem! No entanto, a intensidade da vivência de cada situação pode ser um bom indicativo de que a busca por um psicólogo pode ser uma excelente opção.
A psicoterapia só funciona de maneira satisfatória quando é possível estabelecer um bom vínculo entre o psicólogo e o cliente/paciente. Quando se consegue construir, de maneira conjunta, um espaço onde o cliente/paciente se permita elaborar ou reelaborar seus pensamentos, se proponha a modificar comportamentos e se reposicione frente às situações difíceis.
Isso na prática acontece quando o paciente/ cliente se sente confiante na sua relação com o processo psicoterápico, mesmo que por vezes este seja desconfortável e desafiador. O importante é que ele consiga expressar suas as ideias, tanto quanto consegue fazê-lo e, como consequência, exista uma fluidez na comunicação e recepção das informações.
Para isso, é essencial que o psicólogo, com suas habilidades e competências técnicas e teóricas, tenha uma escuta afetuosa e cuidadosa e com respeito e responsabilidade ética e se comprometa a propor intervenções adequadas a cada situação e a cada cliente/paciente.
Por tudo isso, procurar um psicólogo? Você? Sim…. Por que não?